
Não sou fã de lutas de qualquer tipo, com exceção das encenações de luta livre que assitia na infância com meu pai.Entretanto, como mortal bombardeado por informações todo o tempo neste mundo, não fiquei imune à febre do UFC que invadiu o Brasil no último ano.
Logo de cara simpatizei com o Anderson Silva, o Spider dos gringos. O cara, apesar de toda a pancadaria que propicia nos combates, parece gente boa: tem uma voz engraçada e defende causas nobres, como o combate à homofobia e, apesar do caminhão de dinheiro que deve estar ganhando, mantém uma postura muito tranquila, como deve (ou deveria!) ser a de um atleta.
Em fevereiro, o lutador me surpreendeu com uma melhor ainda.
O cara esteve na tribo dos Kamaiurá, no Xingu, para conhecer as técnicas do Huka-Huka, luta milenar praticada pelos índios e uma das principais atrações das festividades do Kuarup.
Na maior humildade, foi "finalizado" pelos lutadores indígenas até pegar o jeito, ensinou técnicas de MMA e também trouxe consigo novas idéias para usar no octógono, o ringue do antigo "Vale-tudo".
A imagem é linda, seja para um historiador, para um antropólogo ou para qualquer brasileiro que minimamente conheça a História do seu país:
Um negro que vai à selva para aprender as técnicas indígenas para lutar nos ringues do mundo.
Isso te parece familiar?
Deve ser porque fizeram a mesma coisa em Palmares, há mais de trezentos anos.
Zumbi sabia das coisas! Anderson também!